Homofobia internalizada: o que é e como ela pode estar arruinando a sua vida.
Fernando era um baita garanhão.
Corpo sarado, abdômen trincado, dentes branquíssimos e pouco tempo a perder: assim era o Fer!
Se você tivesse esbarrado alguma vez com ele no Grindr, teria conhecido alguém bem direto ao
ponto: Ativo ou passivo? Discreto? Aqui ou aí?
E, se a sua resposta fosse “apenas ativo” ou “afeminado”, tchau! Sem chances.
O Fernando só se relacionava com caras “masculinizados”, musculosos como ele, e sem muita pinta.
Ah e, claro, tinha que ser passivo porque, né… o edi do Fê era intocável!
Mera questão de gosto e de preferência entre quatro paredes?
Que nada!
Filtros tão criteriosos tinham uma explicação bem mais complexa por trás. Bem mais profunda.
Eu explico:
O caso é que o Fernando, lá no fundo, acreditava que seria “mais homem” se só fosse ativo. E se só transasse com caras discretos e com jeito de macho.
Por isso, limitava as suas investidas só nesse tipo de crush. Sem nunca aprofundar muito a relação, obviamente.
Afinal de contas, assumir um compromisso poderia ferir para sempre a sua tão aclamada “masculinidade”.
Não, o Fernando não estava no armário. Ele já era assumidamente gay. Mas a verdade é que, internamente, lutava contra um inimigo que nem sequer conhecia…
Homofobia internalizada: um inimigo silencioso
Sim. O Fernando não sabia, mas ele sofria de homofobia internalizada.
E o que vem a ser isso?
Resumidamente, homofobia internalizada é o preconceito contra a própria homossexualidade.
Coisa de gay enrustido?
Não necessariamente.
A homofobia internalizada é bem comum inclusive entre aqueles que, como o Fernando, já levam uma vida assumidamente gay.
Ela funciona como um veneno invisível, que é incorporado na cabeça do jovem gay ainda infância e, pouco a pouco, vai se enraizando e internalizando.
E sabe o que é pior?
Esse veneno pode estar aí em você também:
Minando a sua confiança. Destruindo os seus relacionamentos. Atrasando os seus sonhos. E segurando todo o seu potencial de quem você poderia realmente ser…
Exatamente.
Isso talvez surpreenda você, mas talvez laáá no fundo você seja homofóbico consigo mesmo.
O que acontece é que, desde muito cedo, nós somos educados dentro de uma cultura que praticamente IMPÕE uma besteira enorme:
Ser gay é errado. É uma aberração. É algo imoral. É algo que não deveria existir, que a Igreja não aprova.
Não, ninguém fala isso explicitamente…. mas essa mensagem, muitas vezes, está lá!
Você consegue ver também?
Então, imagine a situação:
Como você acha que a sua mente vai lidar com o fato de você se tornou, ou está se tornando, tudo aquilo que, desde pequeno, pode ter sido martelado na sua cabeça como ERRADO?
É um nó na cabeça, certo?
É como pisar no acelerador e no freio do carro ao mesmo tempo: você só gasta energia e não sai do lugar!
Então, o que acontece no final?
O que acontece é que, por mais que você hoje saiba logicamente que você é um homem completamente normal, lá no fundo esses pensamentos nocivos podem permanecer…
…
Envenenando e tirando todas as suas energias!
E, mais uma vez, não se engane:
Isso não acontece só com gays que estão recém abrindo a porta do armário. Acontece também com aqueles que já têm a porta bem escancarada.
Sinais de que você pode sofrer de homofobia internalizada
Generalizar é sempre um erro, obviamente. Cada caso é um caso e precisaria ser analisado separadamente.
Porém, existem alguns sinais que geralmente se repetem entre homens que sofrem de homofobia internalizada.
São eles:
Você tem muita dificuldade de dizer abertamente que é gay;
Você tem forte preconceito contra afeminados;
Você não se permite ser passivo por medo de parecer menos homem;
Você só se relaciona (afetivamente e para amizade) com gays extremamente discretos;
Você não se sente merecedor de um relacionamento de alto valor;
Você tem comportamentos autodestrutivos (como prática de sexo inseguro, uso de drogas e etc)
Como vencer a homofobia internalizada?
Enquanto você não se livrar desse veneno, é muito provável que continue caindo nas mesmas ciladas emocionais.
Por isso, é mais do que importante que você tenha as ferramentas e as informações certas para aprender a lidar com a sua mente.
Para reconhecer quando alguns desses pensamentos tentam vir à tona e bloqueá-los imediatamente, antes que eles possam causar mais danos.
E como você faz isso?
Se autoconhecendo. Se entendendo. Descobrindo maneiras de elevar a sua autoestima e recuperar o seu amor próprio.
E principalmente: mudando as suas crenças. Para passar a acreditar que, sim, você é merecedor de um relacionamento e de uma vida incríveis.
Não tem jeito, meu amigo. Você só é bem resolvido com a sua sexualidade quando se entende, quando cuida da sua saúde mental e da sua história com carinho.
Já adianto para você: não é fácil!
Sozinho é mais difícil ainda!
Mas, com os passos certos, você pode ter ótimos resultados.
Não tem jeito, só seremos bem resolvidos com a nossa sexualidade,
ResponderExcluirquando passamos a entendê-la.
Corpo e mente em total sintonia.
Nossa???
ResponderExcluirQue assunto interessante!!!
Muitas pessoas sofrem desse mal e nem sabem.
É uma luta constante, contra um inimigo que nem se quer conhecíamos.
Seria muito bom se adentrasse-mos mais neste assunto.